domingo, 18 de outubro de 2009

Câmara Municipal de Lisboa emula(?) Fix my Street com naminharua

Agora que saímos das eleições autárquicas não há nada mais apropriado para um blog que se propõe analisar as relações entre a administração pública e a web do que começar com o novíssimo portal da CML, naminharua de seu nome, que emula o britânico Fix my Street (quem o diz é o Público, veremos se é verdade).
O facto teve honras de notícia no Público que lhe chama em título um Portal de Queixas (pois, mais um título preciso; duvido que sirva para nos queixarmos sobre a taxa de esgoto...) e relata dificuldades de funcionamento. As dificuldades de funcionamento parecem a frustração dos masoquistas que ainda usam Internet Explorer 6 (~13% dos ~55% de utilizadores que usam Internet Explorer de acordo com as estatísticas de outro portal completamente diferente), lentidão, aquele sempre preciso diagnóstico mas que no meu caso corresponde a um Aguarde... de cerca de 1 minuto ao meio dia de Domingo, o que possivelmente neste caso quer dizer que, tendo o portal aberto imediatamente antes das autárquicas, estava e está tudo um pouco preso por arames e, finalmente algo bem concreto e relevante, a necessidade de instalar Microsoft Silverlight 3.0, algo um "bocadinho" difícil se se usa Linux.
A comparação com o Fix my Street é um pouco descabida. Aquele portal britânico é operado por MySociety.org e não por uma câmara municipal ou por outro organismo governamental. O que se vê ao entrar no naminharua é um mapa interactivo de Lisboa supostamente para assinalar as nossas queixas. Outras queixas já publicadas por outros primam pela ausência enquanto que no FixMyStreet é a primeira coisa que se vê.

Depois de duas actualizações do moonlight consegui chegar (depois da habitual espera de cerca de 1 minuto) a um formulário de submissão da ocorrência em que a primeira coisa que é pedida é o NIF (!) e ou outros campos pedidos parecem ser um sonho de uma agência de telemarketing. Será que a CML pretende cobrar IVA a quem denunciar um buraco num passeio? Será que esta base de dados passou pela Comissão Nacional de Protecção de Dados? Note-se que os dados parecem ser transmitidos por http sem qualquer encriptação a não ser que tal seja feito internamente ao silverlight. Ainda não consigo submeter o que quer que seja pois não consigo fazer escolhas em menus.
Curiosamente o portal parece ter uma interface toda ela assumindo que não estamos em Portugal: distâncias em jardas e milhas, impossibilidade de introduzir caracteres com acentos.
O diagnóstico da qualidade técnica do portal é o habitual em portais desenvolvidos com tecnologias Microsoft. Há erros de HTML e a acessibilidade para pessoas com deficiências falha os critérios da Resolução de Conselho de Ministros 155/2007.
Enfim: uma ideia razoável, desenvolvida com pouco cuidado e tecnologias não universais e minimamente estáveis.

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